Seguindo a nova política ditatorial do país, ministro da Ciência e Tecnologia afirma que software livre não possui propriedade intelectual, que é de baixa qualidade e que seu país pode fazer “bons softwares sem ele”. Resultado prático: vai-se a liberdade do povo pelo ralo.
Em meados de setembro deste ano a Tailândia sofreu mais um golpe militar. A Constituição foi suspensa e o novo regime declarou lei marcial no país. Nada muito diferente do que foi visto em várias outras democracias da América Latina ao longo do século XX.
No desdobramento dos acontecimentos, o novo ministro interino de Ciência e Tecnologia nomeado ontem declarou guerra ao software livre e sua nova política coloca abaixo todas as decisões tomadas anteriormente.
“Com o open source, não existe propriedade intelectual. Qualquer um pode usar e todas as idéias tornam-se de domínio público. Se ninguém pode fazer dinheiro com isso, não existe desenvolvimento e os softwares open source ficam rapidamente obsoletos” ele comenta. Seguindo o pensamento, Sitthichai Pokai-udom desafia: “Como um programador, se eu posso escrever um bom código, por quê eu devo liberá-lo? A Tailândia pode fazer bom código-fonte sem o open source”.
Claro que as declarações vão de encontro com o esperado pelo governo ditatorial que não deseja a liberdade de expressão e tampouco a facilidade de compartilhamento do conhecimento pelo seu povo. Quanto mais fechado, mais fácil se torna a fiscalização e consequentemente o cerceamento das liberdades. Com isso, além do uso de tanques e metralhadoras, o novo governo ataca a liberdade de expressão também na tecnologia.
A notícia é preocupante em vários sentidos, sendo o principal deles o visível atentado às liberdades de escolha e também o retrocesso em toda uma política que estava sendo adotada pelo governo, inclusive com os testes programados neste mês de 530 máquinas do projeto One Laptop Per Child para adoção naquele país.