O que deve acontecer em 2013 na TI brasileira.
Como você está lendo este texto, o mundo não acabou. Tal qual as esdrúxulas previsões que permeiam todo o começo de um novo ano, esta também não se cumpriu. Porém, uma outra deve se tornar realidade neste ano que se inicia e que poderá mudar profundamente a área de tecnologia do país.
Está na cara do gol a votação para a criação do tão falado conselho dos profissionais de informática, um projeto que se arrasta desde 2007 no Senado Federal, obra do facinoroso ex-senador Expedito Júnior. De lá para cá o projeto sofreu diversas mudanças em sua redação com o intuito de apaziguar as diferentes facções interessadas no mesmo e que tentam a todo o custo puxar vantagens para lados diferentes, que infelizmente não são os lados dos profissionais.
Ainda, como natural em nosso país, existem aqueles que acreditam ser o projeto algo bom para a “classe”, sendo a maioria destes crentes os pseudos profissionais que se formam em pocilgas de beira de estrada e que visam com o conselho ter uma melhor oportunidade laboral. Mas além desta massa manipulável, também estão de olho no parto aqueles que manipulam a massa. São os que, de tocaia, aguardam sua criação para tomar de assalto o conselho e realizarem atividades escusas como as noticiadas com frequência pela mídia nacional em agremiações como estas.
É interessante observar que, na contramão desta massa estão associações sérias como a SBC. Prevendo a baderna que será instaurada com o mesmo e a inócula solução para os problemas hoje enfrentados pelos profissionais de TI, elas se posicionam contra a criação do conselho nos moldes propostos indicando, como exemplo do que ocorre em outros países, a livre negociação no mercado.
Pode parecer estranho mas a auto-regulamentação é o melhor caminho para os profissionais de tecnologia. Ao contrário de outras profissões, um profissional de TI não depende de residência e/ou faculdade para realizar suas atividades. Ele precisa ter bom senso, ser aplicado, ter conhecimento. Nenhuma destas características será fornecida por nenhum conselho para nenhum profissional. Já prevendo a comparação com engenheiros, médicos e advogados que possuem conselhos (e que servem para pouca coisa) é interessante questionar onde se encontra o conselho dos pilotos de aeronaves que, diariamente, carregam dentro de um tubo de metal, centenas de vidas que dependem de seus conhecimentos e treinamento. Nenhum conselho existe mas a rigidez do processo para chegar a pilotar um A320 filtra aqueles que são medíocres ou que lá estão somente cumprido tabela. O mesmo vale para nós da tecnologia. Não será o conselho que irá colocar a profissão nos trilhos (e tampouco diplomas em jornal de embrulhar peixe), mas sim a melhoria do profissional como profissional.
A categoria dos profissionais de TI não precisa de um conselho que irá viver de subsídios governamentais e “contribuições” obrigatórias de seus participantes. Ela precisa de credenciamento como ocorre com dezenas de profissões em países desenvolvidos. Eletricistas nos EUA não podem executar suas atividades se não forem credenciados para tal. O mesmo acontece com técnicos de elevadores e até com vigilantes patrimoniais que, no Brasil, precisam ser credenciados junto a Polícia Federal. Credenciamento é muito diferente de conselho. O primeiro atesta a capacidade do profissional enquanto o segundo, serve de caixa para poucos.
Que o projeto irá sair é fato, seja em 2013 ou 2014. Mais dia, menos dia, as forças financeiras terão o sucesso esperado e irão emplacar o projeto. Para eles, as tetas gordas das contribuições, anuidades e demais pagamentos dos profissionais serão a liberdade financeira e social. Porém para os profissionais sobrará a garantia de que foram enganados mas que pouco poderão fazer após sua criação. Derrubar o conselho não será opção. A opção é não deixar nascer.
Sem conselhos de nenhum tipo, bom 2013 para você!
Artigo publicado originalmente na Revista Wide de Jan/Fev 2013
Prezado Paulinho, entendo seu posicionamento e opinião a respeito, mas existe uma grande preocupação de nossa classe em relação ao despreparo de empresas de RH em identificar atribuições de um profissional ligadas à sua formação e atuação em determinado seguimento da TI, além da bagunça que virou o mercado de certificações, daqui a pouco teremos certificado em configuração de BIOS (isso se já não existir) e as empresas acatam isso por considerarem um certificado mais importante do que a experiência e formação do profissional.
Outro ponto a ser citado é o fato de profissionais de outros seguimentos atuarem na área de TI sem terem formação, o que jamais poderá ocorrer conosco tendo em vista que um profissional de TI (FORMADO) jamais poderá atuar como Odontologista, mesmo se tiver aprendido toda a técnica no Youtube. Caso esta pessoa insista será processada e presa por exercício ilegal da profissão.
Não quero nem aprofundar citando a inserção de aventureiros neste mercado, acho que estes são potenciais profissionais, mas que infelizmente AINDA não dedicaram tempo e dinheiro para aprender todos os princípios a serem seguidos pelo profissional da área e serão MUITO BEM VINDOS como um colega de profissão, quando o tornarem.
Portanto, minha visão a respeito da criação do CONFEI é que ela é positiva afim de organizar um seguimento profissional ainda embrionário e com imensas possibilidades. Aceitar ou não o uso desta instituição como palanque político, fonte financeira espúria ou qualquer outro meio vil é de nossa responsabilidade, isso não se terceiriza e nem se atribui à especulações, apenas o faz acontecer.
Este assunto ainda vai gerar bastante discussão, mas torço apenas para que o resultado final seja atribuido ao princípio democrático de direito e não a opinião isolada de pouco, pois não exite espaço para mais ditaduras neste país.