Numa operação típica de compra de votos mas que não suja tanto as mãos, a companhia norte-americana é acusada na Suécia de financiar a associação de várias empresas parceiras no instituto de padrões do país com o intuito de confirmarem o voto ao “sim” para sua especificação OpenXML.
A prática de mascarar a compra de votos para questões polêmicas, mesmo sendo escandalizante, é comum na maioria dos governos mundiais. Deputados e senadores mudam seu voto ou decisão mediante “apoios” ou “ajudas” externas, os quais beneficiam este ou aquele interessado em determinada questão.
Os brasileiros já conhecem isso. Um dos exemplos mais cotundentes é a mudança de casaca de vários parlamentares do congresso que, logo após a posse (e até antes dela), pulam de um partido para outro sem o menor escrúpulo. Também é comum a “venda” de uma decisão ou voto para uma empreiteira ou conglomerado de empresas que tem interesses neste ou em outro projeto.
Aparentemente a empresa de Redmond aprendeu o funcionamento deste sistema e começa a fazer testes em alguns países, como é o caso da Suécia. Lá ela é acusada de financiar a entrada de vinte novas empresas empresas dentro da SIS – Swedish Standards Institute (Instituto Sueco de Padrões) com o intuito de obter votos para aprovar a especificação OpenXML como padrão dentro da ISO.
O detalhe interessante é que estas empresas possuem fortes e estreitos laços comerciais com a companhia. Além disso, todas elas se inscreveram no apagar das luzes da votação do instituto, não permitindo assim contestação. Pega de calça curta, a empresa norte-americana confirma o envio de e-mail para seus parceiros fornecendo à estes argumentos que poderiam ser usados na reunião decisiva do instituto e também oferecendo “assistência de marketing” para as empresas que votassem a favor de sua especificação.
Marcus Rejás, um consultor de TI e defensor do software livre comenta que alguns dos parceiros MS se associaram na quinta-feira anterior a reunião mas que a maioria assinou a ficha de filiação no começo da mesma. “Fui uma das pessoas que deixou a reunião em protesto por esta prática“.
Do outro lado, Klas Hammar, porta-voz da empresa na Suécia comenta “nós não compramos votos. É loucura pensar que poderíamos fazer algo assim“. Nem tanta loucura quando observamos o histórico da empresa e seus diretores ao redor do mundo, inclusive no Brasil onde práticas parecidas são adotadas.
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