Diretoria do Serpro leva time vencido para dentro de casa e chuta a bola contra o patrimônio.
Parece que o alto escalão da república demanda hoje um bom técnico, com pulso forte e que coloque todos para chutar para o mesmo lado. Exemplo da falta de sincronia entre o que é falado e o que é executado acontece hoje em Brasília. O Serpro – Serviço Federal de Processamento de Dados promove a VII edição do Fórum Serpro de Segurança, que conta única e exclusivamente com a participação da empresa que mais atende pelo apelido de escancarada: a Microsoft.
Numa atitude no mínimo bisonha, a diretoria do Serpro eliminou completamente a participação de qualquer representante do software livre e/ou open source deste evento, deixando à deriva o barco da instituição que, com a presença de seu presidente, certamente fará as honras da casa para os produtos com o maior índice de falhas de segurança existentes no mercado mundial.
Tal atitude espanta pois vai contra as diretrizes do próprio governo federal que inúmeras vezes sinalizou pelo trabalho compartilhado de soluções junto com o software livre. Ademais, a própria instituição conta com um grande núcleo de trabalho nesta área que, pelo visto, foi pego de surpresa por um típico “cala a boca” vindo de cima para baixo, constrangendo até os mais flexíveis participantes. Sem palavras, sem desculpas, sem comentários. Lá estará a representante-mor do bug mundial em conjunto com outra empresa fornecedora de soluções para seus próprios monstros: a Symantec.
Pela grade oficial do evento, a sensação deixada é que o evento não passa de uma locação de espaço público para apresentação de produtos proprietários de duas empresas, regada com um verdadeiro circo de brindes de qualidade duvidosa e muita comida para manter as bocas dos participantes ocupadas sem comentar este verdadeiro gol de placa… contra o prórpio patrimônio. Infeliz ainda é a presença de Gilberto Dimenstein que sendo bom jornalista, mescla-se em tal arena para tentar aliviar um pouco a conotação de locação para promoção de empresas e seus produtos.
É lamentável que não passados 30 dias do maior evento de software livre da América Latina, o FISL (do qual inclusive foi patrocinador), o Serpro tenha atitude tão contraproducente como esta, chegando a ser comparado com uma apresentação típica de terceira divisão futebolística, com técnico de atuação duvidosa e esquema tático que beira a infantilidade, além do sempre presente fantasma do juíz ladrão que “pode ser que não exista, mas pode ser que exista”.
Então, depositemos nossas esperanças nos craques da bola que daqui um mês estarão dentro dos campos germânicos defendendo nosso anseio de mais uma vez sermos campeões, pois dentro da TI governamental, o que vemos é um grupo de pernas-de-pau que não sabem nem o nome do jogo, quanto mais o que lá estão fazendo (ou sabem muito bem e não contam para ninguém).