Sempre acreditei no compartilhamento e distribuição do conhecimento humano, afinal ele é assim desde quando o mundo é mundo. Imagine se os conhecimentos de Aristóteles, Pitágoras, Galileu, Copérnico, Newton e até mesmo daqueles pregadores das diversas religiões não tivessem sido livremente compartilhados com o mundo? Que seríamos senão diversas bolhas herméticas? Será que alguma religião existiria no Século XXI?
E com este pensamento, tudo aquilo que escrevo ou produzo é compartilhado para todos sob licenças com as quais concedo alguns direitos e resguardo outros. Algum conteúdo tem um tempo de vida pelo qual mantenho reservado mas depois, sempre acaba liberado pois armazená-lo é no mínimo uma tolice. Textos, capítulos de livros, artigos para revistas, tudo vai para a rede e lá fica com algumas regrinhas básicas para que todos possam usar, enriquecer seus trabalhos e agregar um pouco mais de conhecimento em sua massa encefálica. Entretanto mesmo com toda esta “benevolência”, ainda existe gente que abusa. Não falo de pirataria daquilo que produzo, isso não existe. Falo sobre aqueles que não são capazes de respeitar minimamente os direitos dos outros, usando de sua incapacidade intelectual para “fazer uns trocos” com o trabalho alheio.
Certo comentarista futebolístico criou uma frase que vez ou outra é uma chacota, mas verdadeira: “a regra é clara”. Sim, as regras são claras. Em minha página de licença de uso para produção intelectual está lá descrito que pode-se copiar os textos e usá-los de qualquer forma DESDE QUE não vise lucro. Isso inclui blogs e websites que possuem AdSense, banners e anúncios de quaisquer tipo. Mas por quê disso pode o leitor perguntar. Não é livre para compartilhar, copiar e usar? Sim, o é. Mas entre usar num TCC da faculdade e fazer um site que descaradamente rouba os textos alheios só para ter algum conteúdo, enchê-lo de banners e fazer alguns trocados as minhas custas, são anos-luz de diferença.
Alguns exemplos podem facilmente ser encontrados na rede. Em buscas que faço esporadicamente, fico abismado com a quantidade de “cópias descaradas” que estão em sites que somente são máquinas caça-níquel. Nenhuma pergunta sobre o uso, nenhum questionamento sobre a licença que uso. Simplesmente cópia pura e com um agravante: na maioria das vezes nem a autoria é creditada quanto mais um backlink. Uma vergonha total (e por isso não coloco nenhum link aqui).
Volta e meia comento que o brasileiro não sabe o fair game, ou seja, jogar limpo. Temos aquela mania de seguir a risca a “lei de Gérson” e simplesmente pouco queremos saber dos outros, diferença esta que creio ser fundamental entre uma nação do tal primeiro mundo e a nossa. É um desabafo? Sim, o é. Sou correto? Tento ser creditando tudo o que posso para quem de direito. Quando uso um parágrafo de um texto, este entra na minha produção como um bloco de citação e os devidos créditos são dados aos autores. Até mesmo as imagens que uso para ilustrar os textos, faço questão de obter aquelas que estão licenciadas livremente. Mas infelizmente sou somente um tentando nadar num infindável mar de lama enquanto “Gérsons” se divertem as minhas custas.
Faz parte (mas não deveria fazer).
Outro dia estava vendo um desses programas que compram horário dos canais evangélicos. Era um programa de turismo, e o “repórter” estava em uma região vinícola, fez questão de frisar que por trás daquela cerca era proibido pegar uvas, um crime. Ele olha para um lado, para o outro e ROUBA a uva e saboreia diante da camera. E pelo que eu notei, não era mais um dos programas do CQC ou Pânico, o sujeito estava
vendendo turismo para brasileiros. Era quase um: “Venha aqui para o outro lado do mundo confirmar o quanto somos selvagens”.
Porém, mesmo que alguns Gersons se saiam bem, a grande maioria irá ficar sem emprego, graças as suas faculdades de mensalidades pagas e estudo negativo. O mercado é cruel. Mesmo sabendo que essa moda de empresas falando em nome da paz e da natureza seja balela, isso tem gerado um resultado muito positivo. Hoje qualquer grande corporação corre para bem longe de escanda-los. Infelizmente não estaremos aqui para ver um mundo melhor… Mas temos que continuar “doando”, até mesmo para esses Gersons.
Olá Paulino. Vez ou outra venho ler seus textos, espero que eu não esteja com seu braço em minhas mãos..rs. Infelizmente o que escreveu é uma virtualidade real. Guardo comigo quando pesquiso pela internet “a regra é clara”, mas mais que isso “Goza e faz gozar, sem fazeres mal nem a ti próprio, nem a ninguém, eis, suponho eu, toda a moral. – Chamfort”. Embora muitas vezes me utilize de imagens sem saber corretamente de quem é a autoria. “Minha culpa.Minha máxima culpa” .Bom te ler. Grande Abraço.
Pois é, infelizmente o é mas continuamos acreditando que o ser humano tem jeito. Pelo menos estamos nos 7 bilhões já 😉
Abraços