Depois do mais novo caos do Speedy paulista, muitos olhos se voltaram para algo que poderia ser a salvação da lavoura de milhares de internautas usuários de linhas DSL brasileiras, as chamadas “banda largas”. Trata-se de uma tecnologia que está engatinhando em nosso país mas que em alguns lugares do mundo já está presente em maior ou menor grau no cotidiano dos consumidores. Falo da banda larga via energia elétrica; ou melhor, via cabos que conduzem energia elétrica (BPL – Broadband over Power Lines).
Esta tecnologia poderia de fato ser um divisor de águas no lixão que são as comunicações de alta velocidade brasileiras devido a grande penetração da malha elétrica em nosso país (cerca de 97%), mas existem poréns técnicos e principalmente políticos no assunto. E lendo a entrevista do secretário da SLTI do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna ao site Convergência Digital, o segundo “porém” fica um pouco mais em evidência principalmente quando comenta-se o interesse principal das companhias em usar a tecnologia não para prover mais um serviço (que inclusive poderia custear a melhoria da malha distribuidora que o próprio secretário diz ser de baixa qualidade), mas sim como “fiscal de gatos”, tão comuns em vários grandes centros brasileiros.
Explico: o principal foco da tecnologia para as empresas de energia não é o serviço de banda larga, mas sim o uso da tecnologia para verificar se os consumidores estão pagando suas contas direitinho e, se não, fazer um corte à distância. Convenhamos, é uma causa nobre pois as perdas para as companhias beira o absurdo mas também cabe a pergunta: com a redução dos furtos de energia, redução de pessoal das equipes de corte e de leitura e emissão de notas de energia, será que poderemos receber como presente uma redução nos valores da conta? Particularmente duvido e deu dó.
Se a tecnologia não estará à serviço da população, que diacho tanto se estuda e tanto se faz lobby na capital federal para que a regulamentação saia logo? Algum interesse escuso no processo todo? E qual é o problema da Anatel com a tecnologia WiMAX que não decola nem com reza brava, sendo mais fácil falar com Deus do que homologar e certificar equipamentos que poderiam reduzir os problemas de saturação dos serviços e dar novas opções para os consumidores de banda larga, tv por assinatura e telefonia? Seriam dois pesos e duas medidas?
Toda esta história afunila sempre no mesmo buraco; o usuário que senta, reza e tenta a qualquer custo fazer parte do mundo cibernético, mesmo pagando uma das conexões mais caras do planeta e de pior qualidade. Acredite, nem mesmo em Timor Leste a coisa é tão ruim.