Vale tudo na guerra pelas almas dos consumidores de todo o mundo com o intuito de manter o bolso dos acionistas sempre gordos. Reclamações na mídia mundial, lobbies nos governos, casas legislativas, ONG’s e associações de classe, ataques com verbos impublicáveis, frases marqueteiras e até mesmo uma boa dose inocência para tentar esconder o modus-operandi já conhecido: nada se cria, tudo se copia (e se patenteia).
Saiu esta semana do quartel-general da Microsoft em Redmond, uma queixa/notícia panfletada na revista americana Fortune e ecoada em toda a mídia mundial afirmando que produtos baseados em softwares livres, aqueles que permitem sua cópia, redistribuição, uso e comumente são gratuitos, ferem cerca de duzentas e trinta e cinco patentes da gigante mundial e que usuários destes produtos poderiam ser processados pela companhia caso fizessem uso dos mesmos.
A afirmação do diretor jurídico da Microsoft, Brad Smith é no mínimo estranha pois processar as companhias que fazem uso deste tipo de software seria o mesmo que processar seus próprios clientes cuja a esmagadora maioria das empresas que estão aderindo ao software livre ainda mantém ambientes tecnológicos híbridos legados de anos ou até mesmo décadas. Esta é a visão inclusive do CEO da Sun, Jonathan Schwartz que em seu blog comentou as afirmações da Microsoft mostrando o que a companhia que dirige fez quando passou por processo similar e manda um recado claro para a empresa da costa leste.
De outro lado, a Microsoft certamente também infringe patentes de outras empresas ao redor do mundo, fato este benéfico para o software livre pois, no caso de um embate jurídico de grandes proporções como o desenhado, ela teria seu poder de fogo minimizado por estas empresas que contra-atacariam no mesmo terreno, principalmente IBM, HP e claro, a antiga rival, Apple. Desta forma a clara intenção da queixa/notícia é abafar outras queixas/notícias que pipocam em todo o mundo contra o uso de seu poderio econômico, como o caso brasileiro onde, financiando um “grupo de estudos” dentro da ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas, tenta fazer com que o voto do Brasil na ISO para a adoção do padrão OpenXML patrocinado por ela, se torne um padrão internacional de fato, em detrimento ao padrão ODF já aceito e reconhecido em vários países do mundo, principalmente na Europa.
Enfim, quando leio queixas/notícias vindas de Redmond com conteúdo irrelevante como o desta semana, lembro-me sempre do filme RevolutionOS onde em sua abertura, Eric Raymond conta sobre um encontro no elevador com um alto executivo da companhia e quando este lhe pergunta quem ele é, a resposta é simples: “sou seu pior pesadelo!” O software livre hoje é isso: um pesadelo do qual está difícil acordar (a SCO que o diga)
Finalmente, como recordar é viver, bom seria Horácio Gutierreza, diretor de patentes da MS assistir o vídeo abaixo. Quem sabe pensa duas vezes antes de falar em cópia e em patentes.